A partir de 2014, a política brasileira foi sacudida pela operação Lava Jato (LJ), uma iniciativa anticorrupção centrada no direito. A LJ expôs um grande esquema de corrupção na empresa nacional de petróleo, a Petrobras, envolvendo seus diretores, dirigentes de partidos políticos e grandes empreiteiras. Para alguns, a LJ representou um marco, um novo capítulo na história do Brasil, promovendo o “estado de direito” e um desejo coletivo de “acabar com a impunidade” na política e nos negócios. Para outros, a operação enfraqueceu a democracia e o estado de direito, abrindo caminho para uma liderança autocrática sob o ex-presidente Jair Bolsonaro. Este artigo contribui para esses debates ao analisar a LJ como um espaço de produção de “consciência jurídica.” Empiricamente, examina conversas lideradas por procuradores da LJ no Facebook entre 2017 e 2019. A questão central abordada é: “Quando os procuradores e o público falavam sobre a LJ, sobre o que falavam?” Os resultados se alinham às visões céticas sobre a operação, sugerindo que as interações entre os procuradores da LJ e seus seguidores no Facebook ajudaram a co-criar um quadro cultural que conflita com o “estado de direito.” Essas percepções oferecem implicações para estudos sobre consciência jurídica e esforços anticorrupção.